quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Capítulo 18: O homem guardião da luz

TREVA E LUZ DUELAVAM ATÉ A MORTE.

Não importava o que fizesse, Serafim sabia que seu fim estava próximo. O Cosmo daquela entidade normalmente era níveis acima do seu, e naquele momento a sua fúria o intensificava ainda mais. Não havia hora pior para enfrentar tamanho inimigo. Muito cansado dos ataques que recebeu da luta anterior, somado aos próprios que aplicou, Serafim sabia que a luta entre ele e Liath de Fobos não passaria de poucos momentos. Seria trucidado.

Entretanto, essa era a lógica. Serafim sabia que o Cosmo é um poder que não obedece a regras pré-estabelecidas. Num combate, vence quem conseguir superar o Cosmo do seu adversário. Mesmo sendo mais fraco, sei que posso elevar o meu cosmo a um limite inimaginável. Eu preciso acreditar na esperança de um milagre. Não era da essência de Serafim abandonar o campo de batalha, nem ao menos abandonar a esperança em si mesmo ou em seu próprio poder. Levaria aquele confronto até as últimas consequências.

– Eu sou Serafim de Taças, cavaleiro de Atena. – falou mais para si mesmo – Não importa o meu adversário, não temerei diante de sua força. Conheço muito sobre as lendas e sei que tua presença esmaga a alma do oponente com um intenso medo, mas saiba que isso não funcionará comigo. Eu sou o guardião da luz do Santuário, e foi meu mestre que me presenteou com o mais destrutivo ataque dentre todos os cavaleiros de prata.

– Vocês servos de Atena não passam de vermes ante minha presença. – desdenhou – Seu poder não me ameaça, ainda mais no estado em que está. Apenas fique parado, pois te destruirei com um único ataque.

– Vejo que não me resta outra escolha, senão recorrer ao meu poder máximo.

– Então veremos se a luz pode ser mais forte que as trevas.

Serafim sabia o que fazer. Diante de tal situação e a fim de ao menos salvar Orrin, ele precisaria usar sua técnica mais destrutiva. Entretanto, usá-la poderia significar seu fim, pois ela extinguiria até as suas últimas forças. Mas ele estava disposto a pagar o preço.

Seu cosmo se concentrava a medida que se movia. Ajeitando a sua postura, ele ergueu os braços e uniu as mãos acima da sua cabeça. Lentamente, ele baixou os braços para frente até ficarem paralelos ao chão, com a boca da taça voltada para seu peito. Nesta hora, seu cosmo se expandiu assustadoramente, ultrapassando os limites para que pudesse realizar seu ataque. Porém, antes mesmo de conseguir acumular metade da energia necessária, Liath já havia tomado a iniciativa de se por em sua posição de ataque. Todas as trevas que provinham de seu ser se reuniram em seu punho direito. Tomando impulso e aplicando um gancho no ar, ele arremessou toda aquela cosmo-energia acumulada contra Serafim, que não teve como desviar.

– FOBOS HURRICANE!

Um imenso turbilhão negro surgiu na noite. A energia negra engoliu Serafim, forçando-o a perder a concentração do seu Cosmo acumulado enquanto gritava de dor. O turbilhão logo se tornou um furacão impiedoso que girava no mesmo lugar. Dentro dele, Serafim sofria as consequências das intensas variações de pressão. Alguns pontos da armadura começaram a trincar.

– Está gostando, cavaleiro? Esse é o meu furacão de trevas. Nenhum inimigo pego por ele é capaz de escapar. Suas inconstantes variações de pressão irão destroçar sua armadura e depois decepar seu corpo em pedaços cada vez menores, até finalmente não sobrar nada além de poeira.

Liath começou a rir da situação, menosprezando o adversário.

– Esperava mesmo que eu ficasse parado enquanto você tentava acumular o máximo de cosmo para me ferir? Foi muito tolo. Que espécie de guerreiro recebe um ataque de bom grado? Agora pague com a vida pela sua idiotice, enquanto eu destruo de uma vez o cavaleiro de Cão Menor.

Pacientemente, Liath andou até Orrin. Enquanto se aproximava, seu braço direito ganhou uma coloração enegrecida, acumulando o terrível cosmo de Fobos. Seu poder encobriu todo o braço, tomando a forma de uma lâmina longa e afiada. Vou arrancar seu coração e nos segundos que lhe restar de vida vaporizarei o seu corpo por inteiro. Isso é o que merece por matá-la. Chegando ao cavaleiro, ele ergueu o braço e apontou a lâmina de trevas. Seu cosmo estava carregado de fúria, intensificando-se ainda mais ao ver Orrin. Morra Cão Menor!

Tomando impulso, Liath desceu a lâmina com todo ódio em direção ao coração de Orrin. Não havia nada a ser feito para impedi-lo, nem mesmo ninguém. Seria o fim de Orrin. Seria.

Inesperadamente, o ataque de Liath foi bloqueado. Incrédulo, ele sentiu seu braço imobilizado pelas mãos de Orrin. O cavaleiro acordou no último segundo, tendo tempo suficiente para defender-se do ataque fatal. A cosmo-energia negra que encobria o braço de Liath machucava continuamente as mãos de Orrin, que lutava com suas forças finais para permanecer vivo. Suas mãos começaram a sangrar.

– Por que não se dá por vencido e morre de uma vez? – Liath gritou em fúria.

– Porque antes de matar Adrienne eu vi quanto sofrimento eu poderia deixar nesse mundo se partisse para o Tártaro. Foi o amor dessas pessoas que me deu o poder suficiente para me manter vivo até agora. Não posso morrer e nunca me darei por vencido. Eu sou um cavaleiro de Atena!

Suas últimas palavras ressoaram em seu coração, alimentando o seu cosmo. Com uma força que não era sua, Orrin começou a empurrar a lâmina negra para longe do si. Não acreditando no que via, Liath perdeu a concentração, deixando que o cavaleiro afastasse o seu braço com muita dificuldade para a direita, soltando-o quando fora de perigo. A lâmina perfurou apenas a areia.

Impulsionando o corpo, Orrin se afastou de Liath. Caindo de joelhos, ele tentou se levantar. Seu rosto sangrava, juntamente com seu abdômen e mãos. Não fazia ideia de como a sua coluna estava intacta, devido o golpe de Liath, mas agradeceu por isso. Então ele começou a procurar por Serafim.

Liath, que havia se ajoelhado após sua lâmina perfurar a areia, ergueu-se incrédulo. Como um mero cavaleiro de bronze pôde bloquear meu ataque e o desviar?! Ainda mais na situação crítica em que se encontra? Seu cosmo não pode ser menosprezado e sua motivação para viver é muito poderosa. Isso lhe dá forças para continuar, mesmo que quase morto. Que motivação é essa? Era a vez do general de Ares ficar tenso.

– Respeito a sua vontade de viver, Cão Menor, e lhe darei a devida atenção por isso. Entretanto, você arrancou de mim a única coisa que amava. Garanto-lhe que minha motivação em destruí-lo é mais intensa que a sua de sobreviver. Prepare-se, pois não passará deste alvorecer!

Orrin olhou apreensivo para Liath, que novamente andava em sua direção acumulando uma quantidade assustadora de cosmo-energia. Não sabia o que fazer. Posso ser incapaz de derrotá-lo no meu estado, mas não vou desistir. Lutarei até o fim! Deem-me forças meu Cosmo! Em nome de tudo que acredito, em respeito a tudo que amo. Intensifique-se até que produza o brilho de um milagre.

Orrin começou a acumular seu cosmo, mas logo percebeu que Liath parou distraído com outra coisa. A expressão do general de Ares era de pura incredulidade. Surpreendido, Orrin sentiu o fluxo mais poderoso de cosmo-energia que sentira até então. Nunca algo chegara a tamanho poder em sua presença. Procurando pela fonte do poder, ele viu o furacão de Liath. Igualmente incrédulo, observou que o furacão estava parando de girar, ficando cada vez mais lento. Uma intensa luz começou a surgir de dentro do ataque, substituindo as trevas por esperança. Então onde antes existia um furacão agora só havia luz, e em meio a ela estava Serafim. A sua armadura estava em pior estado que a de Orrin, mas sua túnica estava intacta. Ferido em diversos pontos, Serafim flutuou até o chão lentamente. Atrás de si e em meio à luz reluzia sua constelação guardiã, Taças.

Seu rosto tinha pequenos filetes de sangue e seu olhar era de soberania e ira. Chorava sangue. Por um instante, Liath acreditou ter visto três pares de asas brotando das costas de Serafim. O efeito da luz causava a ilusão de penas caindo ao redor do cavaleiro. Mesmo com a diminuição da intensidade da luz, Serafim emanava uma pacífica aura de energia dourada, o que amedrontava Liath.

– Eu sou o guardião da Luz no Santuário de Atena. Foi ela em pessoa que me presenteou com esse dom. Agora, Fobos, mostrar-lhe-ei o verdadeiro brilho da esperança. O brilho de um milagre!

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