– Vocês arrancaram de mim a única luz que me guiava em meio a escuridão. – gritou em meio a fúria – Apenas o vazio me preenche agora. O que havia de bom em mim está morto!
O seu cosmo se intensificou ainda mais, engolindo luz, som e o toque do vento. Orrin e Serafim se sentiram diante da ira de um Deus, cuja flor predileta dos campos Elísios fora arrancada pela ousadia de mortais estúpidos.
– Os matarei com um gozo que nunca mais será alcançado pela minha alma – sua voz agora era a de um demônio.
Orrin não acreditava naquele ser. A melancolia pela morte de Adrienne havia desaparecido, sendo substituída apenas por cólera. O seu cosmo se expandia continua e assustadoramente, engolindo a noite. A sua presença aterradora pressionava Orrin, impedindo-o de se mover.
A luz ambiente desapareceu com a fúria de Liath. Não havia mais estrelas ou Lua, sendo apenas visíveis os cavaleiros devido suas cosmo-energias. O som do mar foi substituído pelos lamentos dos mortos. O pavor no coração de Orrin aumentava cada vez mais. Sem saber o que fazer, sentiu-se perdido dentro daquele turbilhão de trevas que os rodeavam.
– Vou fazê-los sentir dor até não aguentarem mais, e quando estiverem prestes a desmaiar os destruirei com um único golpe, para que sentiam o seu coração explodindo em minhas mãos antes de virarem pó. – Liath começou a desaparecer em meio a escuridão do seu cosmo – Que padeçam diante da minha cólera!
Num instante, havia apenas Orrin e a escuridão. Os lamentos aumentaram. O medo crescia cada vez mais. Angustia… Incerteza… Lamentos… Escuridão… Medo… Dor. O cavaleiro sentiu um impacto avassalador. Liath reapareceu em meio a escuridão e atacou Orrin no estômago. O cavaleiro não teve como perceber o golpe, encolhendo o corpo involuntariamente e perdendo a noção das coisas. Uma fração de segundo depois, uma dor lacerante cortou as suas costas. A força do segundo impacto o arremessou na areia da praia com tanta violência que seu corpo se ergueu após bater no chão, o suficiente para receber um chute no rosto e ser arremessado além do mundo de escuridão criado por Liath.
– Orrin! – gritou Serafim.
Próximo dali, em meio às trevas, Serafim apenas ouviu os três poderosos ataques ecoarem. Nervoso com a situação, ele tentou se concentrar e abandonar o medo que sentia. Com seu espírito mais calmo, ergueu os braços concentrando o máximo de cosmo-energia que ainda tinha, lançando um grandioso poder ao seu redor.
– Que minha força purifique a noite. HOLY BREEZE!
De suas mãos unidas, que formaram a sua inconfundível taça, um brilho prateado se espalhou por todo o local. As trevas foram consumidas pela poderosa luz produzida por Serafim. Sua presença era reconfortante, representando a mais pura esperança. Quando seu poder se extinguiu, tudo era novamente visível. Não havia mais trevas. Lua e estrelas brilhavam intensamente no céu.
De repente, Serafim ouviu o som de uma explosão. Voltando-se para a fonte do barulho, ele viu uma enorme cratera na areia. Era Orrin. Ele finalmente havia caído após receber o ataque do inimigo, inconsciente. Angustiado, Serafim correu até o companheiro, mas foi interceptado por Liath. O olhar do demônio era de triunfo e puro sadismo. Seu sorriso era um contive para a morte.
– Miserável!
– Você ainda não viu nada, falso anjo.
– Não há honra em atacar um adversário no estado de Orrin. Caso deseje tanto se vingar, então lute contra aquele que deixou sua amada morrer, mesmo podendo curá-la. Sua rixa é comigo.
– Como queira. – Liath estudou seu adversário, imaginando com prazer todas as formas de torturá-lo – Com o Cão Menor fora do meu caminho, posso eliminá-lo sem problemas. E não adianta tentar me confundir! – rugiu irado – Sei bem que não podia fazer nada por ela. Acabei de destruí o assassino dela e agora cumprirei a missão que foi dada ao meu Esquadrão: eliminar o curandeiro do Santuário. Morra cavaleiro!
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