terça-feira, 13 de outubro de 2015

Capítulo 07: O homem que cura com as mãos

A ENTRADA DO SANTUÁRIO ERA UM PALCO CAÓTICO.

Muitos estavam ali para ajudar, mas como vários soldados precisavam ser socorridos e os cavaleiros de bronze estavam mais preocupados em manter de pé as construções próximas que foram afetadas pelo ataque, a confusão era algo que não podia ser contido facilmente. Faltava uma voz firme que sobrepusesse as demais, algo que Portos falhava em ter.

Retornando desesperadamente para o Portão Sagrado, Ícaros trazia Orrin em seus braços, enquanto que Geord seguia no seu encalço. O cavaleiro de Sagitário corria numa velocidade estupenda, aumentando rapidamente a distância entre ele e o jovem aprendiz, que apenas gritava anunciando que os alcançaria. Ícaros não estava preocupado com isso, pois a vida de Orrin estava em jogo e ainda tinha coisas importantes a fazer.

Finalmente alcançando o Portão Sagrado, ele ficou surpreso ao ver o tumulto crescente. Mas o que está havendo aqui? Homens feridos sendo carregados para qualquer lugar, por qualquer um e de qualquer jeito, os cavaleiros distraídos com as construções em situação precária. Era um caos, e logo no Santuário, um templo de paz absoluta. Elevando seu cosmo até tomar preencher todo o local, acabou por sentenciar o fim do caos.

– Chega! – seu grito foi firme e direto.

O silêncio imperou. Todos ouviram a poderosa voz e sentiram a presença imperativa de Ícaros, ficando estáticos com sua chegada. Sussurros percorreram a plateia.

– É lorde Ícaros de Sagitário.

Portos se aproximou do lorde dourado, mas recebeu um olhar severo. Tentou falar, mas nada saiu. Apenas olhava o imponente cavaleiro que descia a rua calmamente, observando tudo. Chegando ao mesmo nível de Portos, falou.

– Portos, sei bem que é inteligente, mas não pode organizar as coisas tranquilamente? Isso me surpreende – o seu olhar abrandou e sua voz estava calma, mas soou como uma decepção para Portos.

– Senhor, eu…

– Está tudo bem. – tranquilizou-o. Elevou a voz – Agora vamos todos colaborar com as ordens de Portos. Eu o deixei responsável pelo Portão Sagrado, então o obedeçam. – olhou novamente para o cavaleiro – Sabe onde posso encontrar o senhor de Taças?

– Aqui… – ressoou uma voz pacífica atrás de si.

Virando-se, Ícaros observou o portador daquela voz. Descendo a rua em direção ao lorde dourado vinha um homem peculiar. Sem dúvida era o homem mais belo de todo o Santuário. O seu rosto possuía linhas tão suaves que poderia ser confundindo com o de uma mulher. Seu corpo era perfeitamente emoldurado, esculpido pelos deuses. Seus cabelos de tão claros eram associados à pureza da neve. Seus olhos tinham um tom azul claro e bonito que quase se confundiam com as mais cristalinas águas. Sua armadura era única, tendo uma capa que ondulava majestosamente ao vento, e brilhava com a prata mais reluzente, com detalhes em ouro e rubis incrustados. Cada braço da armadura tinha metade de uma taça. Ele não demonstrava sinais de cansaço, estando impecável.

– Estávamos nos perguntando por onde andavas, Serafim de Taças. – falou Ícaros.

– Estou atrasado. Por tal, peço seu perdão, meu senhor. – fez uma referência simples, mas formal. – Desculpe pelo que fiz, mas senti o seu cosmo apreensivo. Por isso, decidi tardar para ajudar a todos de uma única vez. Assim, não teríamos problemas de espera. – andando para a multidão mais abaixo, falou em voz alta – Peço que todos os feridos fiquem próximos. Como o curandeiro deste Santuário e servo de Atena, farei o possível para amenizar as dores e os ferimentos.

Todos obedeceram. Os feridos foram reunidos calmamente no centro da Praça do Portão Sagrado, formando um aglomerado de pessoas. Devia ser pouco mais de trinta. Serafim então precisou se concentrar bastante. Reunindo as suas mãos como numa prece e fechando o cálice que seus braços formavam, o cavaleiro de prata começou a se concentrar cada vez mais, catalisando seu cosmo a níveis altíssimos. De olhos fechados, ele abandonou os seus sentidos mundanos e intensificou a força do seu Sexto Sentido, aproximando do Sétimo lentamente. Depois, abaixou os braços juntos, deixando a taça na posição vertical com a boca para cima, pronta para receber o líquido sagrado. Como se obedecendo a isso, todo o cosmo concentrado começou a fluir para as mãos em forma de taça do cavaleiro, enchendo seus braços com um imenso poder.

Ícaros ficou impressionado com tamanho poder. O seu cosmo ultrapassa todos os níveis normais, alcançando o de um cavaleiro de ouro ou quem sabe até além. Esse homem que cura pelas mãos é realmente poderoso. Se ele usasse toda essa energia num ataque, causaria um dano avassalador. Sem duvida poderia rachar até uma armadura de ouro!

Serafim separou as mãos e realizou um arco lateral com cada braço, formando novamente o cálice acima de sua cabeça. Abrindo finalmente os olhos, um cosmo colossal fluiu de si.

– HOLY BREEZE! – sua voz era pacífica e calma, como a água de um lago ancestral.

Por um breve momento, a praça foi tomada por um brilho de esperança. O coração das pessoas foi renovado pelo calor do cosmo de Serafim, até que a luz desapareceu por completo. Todos estavam relaxados, respirando o aroma daquele cosmo pacífico que os havia inundado. Enfraquecido, o cavaleiro de taças perdeu o equilíbrio, mas se recompôs a tempo. Orrin estava acordando, curado.

Aliviado, o lorde dourado de Sagitário seguiu seu rumo. Bem, agora posso ir sabendo que tudo está em boas mãos. Ele então deixou para trás os Portões Sagrados e seguiu para as Doze Casas.

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