quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Capítulo 14: O homem de alma pura

A NOITE NÃO ERA MAIS A MESMA.

Orrin e Serafim observavam seus adversários. Foi fácil perceber que quem dava as ordens era Adrienne de Morcego. A amazona saiu da água exalando a raiva que sentia pelos dois cavaleiros, mas se recompôs e sinalizou discretamente para Than. Então observou os adversários com desdém, provocando-os.

– Muito bom. – disse para Serafim – Sei que é um dos mais respeitados cavaleiros do Santuário, mas não imaginava que as suas habilidades poderiam ferir alguém. Sua técnica merece elogio, mas ainda sim não me feriu. Usar meu ataque contra mim é algo tolo da sua parte. Deveria ter aprendido isso com o cãozinho.

– Até um curandeiro precisa saber machucar às vezes – falou retribuindo o olhar sarcástico da amazona.

Irritando-se ainda mais e não se preocupando em deixar isso à mostra, ela tomou impulso e voou na direção de Serafim pronta para matar. Nada disso! Sua luta será comigo. Orrin rapidamente pôs-se a frente de Serafim, entrando em confronto com Adrienne.

O impacto causado pela investida foi estrondoso, onde Orrin conseguiu acertar um poderoso ataque no estômago de Adrienne. Eles então começaram trocar golpes, acertando e se defendendo de ataques sucessivos. A velocidade da luta era impressionante, mal dando para enxergar os movimentos de ambos. Adrienne usava não apenas as mãos e pernas para atacar como também suas asas com garras nas pontas, dificultando a vida de Orrin.

Serafim, que já esperava a investida do aliado para confrontar a amazona, apenas se virou na direção do guerreiro de Tubarão. Esse não aparentava estar em posição de batalha, mas sim aguardando a aproximação de Serafim com um sorriso sombrio. Obedecendo ao chamado, o cavaleiro de Atena retirou sua túnica, revelando a imponente armadura prateada de sua constelação. Andando até o inimigo, ele ganhou velocidade até se tornar um borrão de luz.

Entretanto, Than já aguardava aquela investida. Intensificando seu cosmo, ele moveu o corpo para o lado e ergueu seu punho no ar, deixando uma das barbatanas da armadura voltada para fora. Serafim então reapareceu desferindo um poderoso golpe no peito de Than, que mal se deslocou com o impacto. Pasmo com tamanha resistência física, o cavaleiro não teve tempo de reagir ao contra-ataque devastador. Foi tudo muito rápido.

– SHARK’S DESTRUCTION!

A barbatana no punho do Tubarão perfurou a armadura de prata e cortou a carne, dilacerando em sangue as costas de Serafim, que foi jogado contra o chão quase imediatamente. Quando bateu na areia, seu corpo quicou e subiu um pouco no ar, o suficiente para permitir que Than aplica-se um chute contra o rosto do cavaleiro. Serafim voou alto, caindo metros à distância.

– Fraco! Pensei que cavaleiros de prata fossem mais fortes!

Levantando-se com dificuldade, Serafim tossiu muito sangue, limpando a boca com o antebraço da armadura. Em retribuição a provocação, ele sorriu para o inimigo. Desconfiado, Than agachou para ganhar impulso e investiu contra Serafim.

– Se você ainda não morreu, deixe-me levá-lo para o Tártaro. Despedace-se com ataque mais poderoso do guerreiro de Tubarão, SHARK’S WHIRL! – gritou Than dando um poderoso salto.

Um redemoinho de areia se formou ao redor do guerreiro de Ares, encobrindo-o completamente. Serafim esperou a aproximação do tornado de areia. Pondo-se na ofensiva, ele tomou um rápido impulso e desferiu um ataque com as mãos juntas formando a taça da armadura, acertando exatamente o centro do redemoinho onde se encontrava o Tubarão.

– Sofra com as minhas mãos santificadas. PRISMATIC BURST! – gritou Serafim.

Das mãos unidas de Serafim saiu raio ofuscante com as cores do arco-íris que acertou o redemoinho, perfurando-o no centro. A rotação do turbilhão de areia cessou e o corpo do guerreiro de Tubarão parou no ar por uma fração de segundo, para então ser arremessado na trajetória contrária ao do seu ataque. Than viu seu redemoinho adotar uma rotação contrária, acertando-o de fora para dentro junto ao ataque de Serafim. Os dois ataques combinados destruíram o guerreiro, e sua armadura se tornou fragmentos.

– Seus ataques são muito bons. Particularmente o segundo foi devastador. Ficarei com dor nas costas por um longo tempo, além de ter que consertar minha armadura. – Serafim falava enquanto seguia na direção do oponente derrotado – Entretanto, foi tolo ao acreditar que meu primeiro ataque não o afetaria. Pode não ter sentido inicialmente, mas ele comprometeu seriamente a sua força de impacto. É muito provável que eu tivesse desmaiado ao seu ataque em minhas costas, mas não foi o que aconteceu. Quanto ao seu ataque-redemoinho: nenhum ataque funciona duas vezes contra um mesmo cavaleiro, ainda mais quando está debilitado em velocidade. Apenas precisei lançar um ataque mais rápido e mais forte em seu eixo de rotação para mudar o fluxo do ataque, e ao invés de sair, a rotação seguiu entrando, estraçalhando você com o seu próprio ataque, juntamente com o meu.

Finalmente chegando ao guerreiro que jazia no chão, Serafim percebeu que ele estava além de qualquer salvação. Com a morte de Than sendo certa, o cavaleiro pareceu abatido.

– Você é um guerreiro poderoso, mas escolheu subestimar o cavaleiro errado. Perdoe-me.

Virando-se, Serafim deixou Than para trás. Sabia qual era o destino daquele homem. Que o Barqueiro o guie bem. Uma lágrima solitária desceu pelo rosto machucado do cavaleiro. Os filhos de Esparta escolheram um péssimo destino para si.

Que guerra fútil…

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